Apoio à candidatura do Professor Paulo Martins à diretoria da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

 

O coletivo de docentes que subscreve este documento faz aqui registrar seu depoimento acerca da atuação do Professor Paulo Martins, Professor Livre Docente da Universidade de São Paulo, junto às organizações acadêmicas e de representação no seio da qual privamos de seu frutuoso convívio.

Anima-nos a escrever o presente depoimento a perspectiva de ver o Prof. Paulo Martins, em breve, Diretor da mais importante escola de Humanidades do País, a saber, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Pelas razões que passamos a expor, consideramos que a gestão do Prof. Paulo à frente da FFLCH impõe-se pelo encontro no tempo e no espaço de suas qualidades com as desditosas vicissitudes no âmbito nacional e global. 

Primeiramente, obriga-nos a probidade a iniciar esse manifesto em forma de relato pela atuação do Professor Paulo Martins na Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC), na qual, antes de ser seu Presidente, ocupou diversos cargos de diretoria, deixando, por todos eles, indelével marca de sua competência como gestor. À frente da Revista Classica, o mais importante periódico de Estudos Clássicos (Letras Clássicas, História Antiga, Arqueologia Clássica, Filosofia e Dramaturgia Antiga) do País, o Professor Paulo recuperou a periodicidade do veículo já há muito abandonada, registrou-a nos melhores indexadores internacionais e lhe devolveu o prestígio então ameaçado pela enganosa impressão de extinção. Hoje, graças a ele e a suas continuadoras, todas mulheres, a revista voltou a protagonizar a cena da difusão da pesquisa acadêmica em Humanidades, alçando, inclusive, a área a que serve a patamares que só havia atingido num passado já remoto.

A gestão da revista, contudo, veio, conforme as regras da Sociedade científica da qual é órgão, como colateralidade de seu cargo de vice-presidente, a partir do qual o Professor Paulo co-organizou, no Rio de Janeiro, o grande Congresso de Estudos Clássicos que envolveu todas as principais instituições seculares e bisseculares daquela cidade, como, por exemplo, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (lHGB), a Academia Brasileira de Letras (ABL), a Biblioteca Nacional (BN), o Real Gabinete Português de Leitura (RGPL) e o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, numa sinergia institucional inédita, em função dos Estudos Clássicos que cabia, então, ao Professor Paulo Martins representar e defender, como membro da diretoria que imediatamente depois encabeçou com incomum zelo e competência. O Congresso do Rio de Janeiro contou com 90 participantes europeus, em grande parte autores da bibliografia discutida no próprio Evento.

Soube o Professor Paulo Martins trazer para a vida das sociedades científicas das quais é membro e foi dirigente um saber adquirido em sua igualmente exitosa experiência na lida - sempre crítica e firme - e na direção dos órgãos representativos de categoria, como a Andes. Beneficiaram-se as associações e agremiações acadêmicas, institucionais (como o Departamento e o Programa de Pós-Graduação) e supra-institucionais (como as sociedades científicas), de sua prática democrática, aprendida no diálogo político aberto e franco, e sua proverbial disposição em ouvir e refletir sobre o que ouve. Não foram poucas as vezes que assistimos à sua defesa intransigente da democratização do saber e da integração vital, ora salvífica, entre os cinco cursos que fazem da FFLCH um todo único, uma só Unidade.    

Do que ouve e do que houve, fez-se a matéria prima de um Professor, que malgrado sua dedicação às atividades políticas (aqui entendidas da melhor maneira possível, como força democrática de transformação social), jamais descurou de suas atividades docentes, de ensino, de extensão, de orientação e de produção. Ficará a cargo daquele que passear pelos corredores da FFLCH captar, com muitíssima facilidade sua abonadora reputação como aquele que muitos aprenderam a chamar de mestre, entre os quais, os que lograram as disputadas vagas de orientação que o Professor Paulo responsavelmente disponibiliza. Projeta-o, contudo, a uma inquestionável proeminência no cenário nacional e internacional sua produção que, conquanto muito copiosa, nunca se afasta da qualidade que a consagrou e que a mantém na bibliografia de todos os estudos sobre Antiguidade Clássica feitos no Brasil, bem como em muitos realizados no exterior.

Tudo isso somado, recomendamos enfaticamente o Prof. Paulo Martins ao exercício da Direção da FFLCH, para o que sua trajetória acadêmica e política o preparou sobejamente. No entendimento dos signatários deste documento, a FFLCH não poderia perder a auspiciosa oportunidade de poder contar com seu trabalho, sua competência e seriedade, sobretudo num momento tão delicado como o presente.